domingo, 22 de junho de 2014

Anemias hemolíticas auto-imunes:a anemia hemolítica por anticorpos «quentes», e a anemia hemolítica por anticorpos «frios» (ou crio anticorpos).

             

                                      

 Reações auto-imunes

Por vezes o funcionamento defeituoso do sistema imunitário destrói as próprias células porque as identifica de forma incorreta como corpos estranhos (reação auto-imune). Quando uma reação auto-imune se dirige contra os glóbulos vermelhos, o resultado é a anemia hemolítica auto-imune (anemia imunomediada). A anemia hemolítica auto-imune tem muitas origens, mas a maioria das vezes a causa é desconhecida (idiopática).
A anemia hemolítica auto-imune diagnostica-se quando as análises laboratoriais identificam anticorpos (auto-anticorpos) no sangue, que se unem aos glóbulos vermelhos do organismo e reagem contra eles.
Existem dois tipos principais de anemias hemolíticas auto-imunes: a anemia hemolítica por anticorpos «quentes», que é o tipo mais frequente, e a anemia hemolítica por anticorpos «frios» (ou crio anticorpos).
Anemia hemolítica por anticorpos «quentes»
A anemia hemolítica por anticorpos «quentes» é uma doença em que o corpo cria auto-anticorpos que reagem contra os glóbulos vermelhos à temperatura desse corpo.
Estes auto-anticorpos revestem os glóbulos vermelhos, os quais são então identificados como um componente estranho e destruídos por células presentes no baço ou por vezes no fígado e na medula óssea. Esta doença é mais frequente nas mulheres do que nos homens. Aproximadamente um terço das pessoas que sofrem deste tipo de anemia tem uma doença subjacente, como um linfoma, uma leucemia ou uma doença do tecido conectivo (especialmente o lúpus eritematoso sistêmico), ou então foram expostas a certos medicamentos, principalmente a metildopa.
Os sintomas são muitas vezes piores do que aqueles que o grau de anemia deixaria prever, provavelmente porque esta se costuma desenvolver rapidamente. Como o baço habitualmente aumenta de tamanho, a parte superior esquerda do abdômen pode doer ou dar uma sensação de incomodidade.
O tratamento depende da identificação da causa. Assim, os médicos primeiro tentam tratá-la ou eliminá-la. Se a causa não for identificada, muitas vezes administra-se um corticosteroide, como a prednisona em doses elevadas, primeiro por via endovenosa e depois por via oral. Aproximadamente um terço das pessoas responde bem a este medicamento, cujas doses se reduzem até suspender o tratamento. Os outros dois terços podem exigir a extirpação cirúrgica do baço, para evitar que destrua os glóbulos vermelhos cobertos por auto-anticorpos. A remoção do baço controla a anemia em aproximadamente metade das pessoas. Se estes tratamentos falharem, utilizam-se medicamentos inibidores do sistema imunitário, como a ciclosporina e a ciclofosfamida.
As transfusões de sangue podem causar problemas nas pessoas que sofrem de anemia hemolítica auto-imune. O banco de sangue pode não encontrar sangue que não reaja com os auto-anticorpos e as transfusões em si podem inclusive estimular a produção de mais auto-anticorpos.
Anemia hemolítica por anticorpos «frios»
A anemia hemolítica por anticorpos «frios» é uma doença em que o corpo cria auto-anticorpos que reagem contra os glóbulos vermelhos à temperatura ambiente ou no frio.
Este tipo de anemia pode ser aguda ou crônica. A forma aguda ocorre muitas vezes em pessoas que sofrem de infecções agudas, especialmente certas pneumonias ou mononucleose infecciosa. Não dura muito tempo, é relativamente ligeira e desaparece sem tratamento. A forma crônica é muito frequente nas mulheres, particularmente nas maiores de 40 anos que sofrem de artrite ou outras doenças reumáticas.
Apesar de a forma crônica persistir geralmente durante toda a vida, a anemia costuma ser ligeira e produz poucos sintomas ou nenhum. Mas a exposição ao frio aumenta a destruição dos glóbulos vermelhos e pode piorar a dor nas articulações e ocasionar sintomas como fadiga e uma coloração azulada dos braços e mãos. As pessoas que apresentam esta perturbação e que vivem em climas frios têm substancialmente mais sintomas do que quem vive em climas quentes.
A anemia hemolítica por anticorpos «frios» diagnostica-se por meio de análises que detectam anticorpos na superfície dos glóbulos vermelhos que são mais ativos a temperaturas inferiores à do corpo (crio anticorpos). Não existe qualquer tratamento específico, de modo que o objectivo final consiste em aliviar os sintomas. A forma aguda, associada às infecções, melhora sem tratamento e raramente causa sintomas graves. A forma crônica pode prevenir-se evitando a exposição ao frio.

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