Staphylococcus aureus Quais os riscos desta bactéria?
Descubra o que são o
Staphylococcus aureus e o
Staphylococcus aureus MRSA, e por que eles causam tanta preocupação no meio médico.
O
Staphylococus aureus ou
Estafilococos aureus em português
, é uma das bactérias mais comuns na prática clínica uma vez que costuma colonizar a
pele de
até 15% dos seres humanos. Chamamos de colonização quando uma bactéria
se adere a uma tecido e começa a multiplicar-se, criando literalmente
colônias. A colonização não significa que haja infecção e não é
necessariamente uma coisa ruim. Nossa pele, nossa boca e nosso
intestinos, por exemplo, estão cheios de bactérias que não nos causam
doença enquanto permanecem restritas a estes sítios.
Existem 33 tipos de estafilococos, alguns mais virulentos que outros. O tipo mais comum na nossa pele é o
Staphylococcus epidermiditis, uma espécie de estafilococo bem mais branda que o
Staphylococus aureus, o mais virulento da espécie.
O
problema da colonização é o fato desta ser um reservatório de bactérias
pronto para invadir outros pontos do nosso corpo toda vez que uma das
nossa barreiras de defesa sofre enfraquecimento. Os estafilococos que
vivem na pele estão apenas esperando o aparecimento de uma pequena lesão
para poderem penetrar dentro do nosso organismo. Este é o motivo pelo
qual devemos sempre lavar bem nossas feridas. Qualquer lesão na pele é
uma porta de entrada para as bactérias que vivem no meio externo (leia:
TRATAMENTO DE FERIDAS E MACHUCADOS).
É também pelo fato da nossa pele ser colonizada por bactérias que a
implantação de piercings ou qualquer outro procedimento que perfure a
pele pode levar a infecções graves (leia:
BODY PIERCING | PERIGOS E COMPLICAÇÕES).
Ter
bactérias na pele não significa que a pessoa esteja doente ou seja
suja. Nós temos uma flora natural de germes e é impossível não ter
bactérias na pele. Porém, pessoas com maus hábitos higiênicos apresentam
uma quantidade e uma variedade maior de bactérias colonizando sua pele,
ou boca, como nos casos de pessoas com dentes em mau estado de
conservação.
Além das pele, o
Staphylococus aureus pode invadir nosso organismo através da ingestão de
alimentos contaminados. Além de atacar diretamente nosso corpo, o
S.aureus também
produza uma série de toxinas, que quando ingerida, provocam uma intensa
infecção intestinal com vômitos e diarréia (leia:
DIARRÉIA | Causas, sinais de gravidade e tratamento)
O
Staphylococus aureus é
responsável por vários tipos de infecção em nosso organismo. As
infecções de pele são as mais comuns, e qualquer porta de entrada, mesmo
uma mordida de inseto, pode ser suficiente para o desenvolvimento
destas. As infecções de pele mais comumente causadas pelo
S.aureus são o impetigo (leia:
IMPETIGO COMUM e IMPETIGO BOLHOSO | Sintomas e tratamento), foliculite, terçol (leia:
TERÇOL (TERSOL) | HORDEOLO | Causas e tratamento), furúnculo, síndrome de pele escaldada estafilocócica, mastite puerperal (leia:
MASTITE DA AMAMENTAÇÃO | Sintomas e tratamento) e a celulite (leia:
ERISIPELA E CELULITE - Sintomas e tratamento).
|
Staphylococus aureus |
O Staphylococus aureus,
após a entrada no organismo, pode não ficar restrito a pele, invadindo o
sangue e levando a infecções graves, sepse e choque séptico (leia:
O QUE É SEPSE / SEPSIS E CHOQUE SÉPTICO ? ).
Uma
vez no sangue, o S.aureus pode atingir qualquer órgão. A infecção das
válvulas do coração, chamada de endocardite é uma temida complicação das
infeções pelo
Staphylococus aureus (leia:
ENDOCARDITE| Sintomas e tratamento). Outras infecções possíveis pelo
S.aureus são a pneumonia (leia:
PNEUMONIA | Sintomas e tratamento), a pielonefrite (leia:
PIELONEFRITE | INFECÇÃO DOS RINS | Sintomas e tratamento) e a osteomielite (infecção dos ossos).
As infecções por
Estafilococos aureus são
tratadas classicamente com derivados da penicilina, como a Oxacilina,
Cefazolina e Cefalotina. Infecções restritas a pele podem ser tratadas
com antibióticos por via oral. Infecções mais graves devem ser tratadas
com internação hospitalar e antibióticos venosos.
Estafilococos aureus MRSA
Ultimamente, um subtipo de
Staphylococus aureus chamado de MRSA tem ganhado muito destaque na mídia, geralmente com textos alarmistas e cheio de erros de conteúdo.
A sigla MRSA que dizer
Methicillin-resistant Staphylococcus aureus, em português, Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina.
A meticilina é um antibiótico da família das penicilinas. O MRSA é portanto, um
Staphylococus resistente
ao tratamento convencional através das penicilinas. A primeira
descrição de MRSA é de 1959, logo após a invenção da meticilina. Com o
uso cada vez mais difundido, e muitas vezes desnecessário, de
antibióticos, as infecções por MSRA têm sido cada vez mais frequentes em
todo mundo.
O
Staphyloccus aureus MRSA não é mais agressivo do que o
Staphylococus não MRSA. O seu problema está nas opções reduzidas de antibiótico e não na virulência da bactéria.
A
transmissão é feita pelo contato entre pessoas, principalmente através
das mãos. Isto é um grande problema no meio hospitalar onde os
profissionais de saúde têm contato com vários doentes no mesmo dia,
podendo levar o MRSA de um para outro. O simples ato de lavar as mãos
após examinar os pacientes diminui muito o risco de transmissão da
bactéria.
Em geral, o doente hospitalizado com MRSA é colocado em
isolamento de contato (uma espécie de quarentena) para evitar
propagação da bactéria. Pessoas saudáveis não desenvolvem nenhuma doença
se tiverem contato com pacientes infectados ou colonizados por MRSA,
como por exemplo, os familiares que visitam o hospital. Mas para o
doente da cama ao lado, essa contaminação pode ser fatal.
O MRSA é
uma bactéria tipicamente de hospital, mas pode ocorrer na comunidade
também. Neste caso costuma responder a um espectro mais amplo de
antibióticos alternativos, sendo de mais fácil tratamento. A transmissão
do S.aureus MRSA pode ocorrer em academias, após uso conjunto de
toalhas, roupas, uniformes e inclusive escova/pente de cabelo.
O
tratamento do MRSA hospitalar é feito com antibióticos potentes como
Vancomicina, Linezulida e Teicoplamida. O problema é que alguns
hospitais já apresentam casos de MRSA resistente também a Vancomicina.
Não
há necessidade de se tratar ou investigar familiares de doentes com
MRSA. Bastam os cuidados básicos de higiene, principalmente se houver
alguma lesão na pele que sirva de porta de entrada para a bactéria.
Como
eu já escrevi, o risco de doença por MRSA em pessoas saudáveis é muito
baixo. Muitos entram em contato com o MRSA mas não ficam colonizadas
porque a bactéria não consegue se fixar devido a competição por alimento
com as milhões e milhões de outras bactérias já existentes na pele.