quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Paula Sanffer do The Voice Brasil fala sobre Lúpus "Tenho superado minhas dores através do meu canto"

"Tenho superado minhas dores através do meu canto", diz Paula Sanffer, do The Voice, sobre lúpus

Natural de Feira de Santana, Paula está na semi final da quarta temporada do The Voice Brasil
Por Marília Moreira -
15/12/2015
Na semifinal da quarta temporada do The Voice, a baiana Paula Sanffer não esconde a ansiedade do que está por vir. Natural de Feira de Santana, Ana Paula dos Santos Ferreira, 36 anos, se tornou Paula Sanffer tão logo iniciou a carreira artística. "Sanffer é a junção de Santos e Ferreira. Eu tive a ajuda de um amigo, que também é dono de um estúdio na cidade, e a gente estava procurando uma coisa para encurtar e trazer mais impacto ao nome", relembrou ao contar que até já patenteou a invenção.

A disposição para cantar, compor e tocar instrumentos musicais veio desde cedo, ainda criança. Nascida no bairro da Rua Nova, conhecido pela cultura do reggae, Paula foi recebida em um berço musical também na família evangélica. "Sou evangélica e minha referência musical vem de família mesmo. Minha irmã mais velha - somos nove irmãos, 6 mulheres e três homens -, Célia, ela foi meu espelho. Eu via ela cantar, compor e tocar e falava que queria ser que nem ela", lembrou.

(Foto: Divulgação/TV Globo)

Hoje, além de cantar, Paula toca um pouco de violão, teclado, bateria. "Sempre tive sensibilidade para isso. Essa questão do canto, de dividir vozes, sempre foi algo muito fácil de pegar". Além de apresentar seu trabalho em bares e festas particulares de Feira de Santana, ela chegou a trabalhar por cinco anos como backing vocal de Tayrone Cigano.

Há dois anos - depois de passar mais de um mês e meio internada por conta do lúpus, uma doença autoimune mais comum em mulheres -, Paula gravou seu segundo álbum gospel, o Gólgota; o primeiro Ele é Real foi lançado há três anos, antes da descoberta da doença. "A descoberta do lúpus foi muito dolorosa, porque eu só vim descobrir depois de um ano, um ano de muita febre, dor de cabeça e de muitas manchas pelo corpo. O pior estágio foi esse, das manchas vermelhas, também no rosto. Fui internada com urgência lá em Feira de Santana, onde fiquei internada 45 dias. Boa parte desse período sem diagnóstico. Disseram que estava com Aids, com câncer, com linfoma, mas nada se comprovava", contou sobre o processo que a fez chegar aos 53 kg.

"Eu tenho várias limitações, não posso tomar sol, não posso comer acarajé, fico com sono de repente, mas eu vivo tranquila. Apesar de sentir dores no corpo, quando eu começo a cantar, eu viro uma monstra, uma cavala, musicalmente falando. E graças a Deus eu tenho superado minhas dores através do meu canto", continuou.

(Foto: Reprodução/TV Globo)

Mesmo com a certeza de que sempre quis viver da música, o caminho para chegar onde hoje está não foi fácil. "Eu fui aquela menina que nunca quis saber de estudar. Eu queria ser cantora, viver da música, não sabendo que era tão estreito. Não é fácil viver da música até porque hoje as pessoas não valorizam você como cantora, não percebem que cantar é uma profissão. Às vezes alguém te chama para tocar em uma festa, cinco horas de show, e não quer pagar nem R$ 100, quer que o cachê seja o consumo no local", desabafa. "Se eu canto eu tenho, se eu não canto eu não tenho, eu quero cantar sempre", confessou.

Há algumas semanas do fim do programa, a ansiedade ainda bate. "A expectativa é muito grande. A fase de perder fome, de dormir e acordar no susto já passou. Eu estou muito confiante e muito contente com tudo que está acontecendo na minha vida. Não esperava chegar onde estou hoje. Queira Deus que eu chegue até o final, se for do querer dele que eu ganhe. Só em estar onde eu estou hoje, para mim é fantástico, mas eu quero chegar à final. É tudo muito bom, as pessoas choram ao me ver, me cumprimentam, isso compensa toda a caminhada, porque não foi fácil, não tem sido fácil".

Sobre o aspecto emocional - que contribui para desencadear os sintomas da doença - ela diz se controlar ao máximo. "Quando Brown fala comigo, eu tento me controlar muito, às vezes nem expresso emoção, para tentar conter os efeitos negativos do lúpus. O povo diz que eu não comemoro, não rio, quando sou salva por Brown e passo para uma nova fase, mas é muito isso, de preservar a minha saúde".

A disposição para participar do The Voice Brasil só surgiu mesmo nesta quarta edição, bem como a vontade de ter Brown como técnico. "Eu não pensava em participar por conta da minha idade. Não que eu me sinta uma pessoa velha, com 36 anos, mas eu penso como uma profissional. Hoje o mercado está querendo cada dia mais profissionais mais jovens, isso é fato. Você vê que as pessoas que estão lá agora têm 18,20, 22 anos. De 36 anos, só eu agora". Além da idade, o medo de Paula era se deparar com a novidade trazida pelos concorrentes mais jovens. "Esses meninos cantam músicas em inglês fluentemente, interpretando com a maior facilidade. Eu sou de outra geração", comparou.

(Foto: Divulgação/TV Globo)

Com influências da pop e da música popular brasileira, Paula acredita que o fato de ter chegado onde chegou se deve muito às mesclagens que fez e ao suingue novo que conferiu a algumas músicas. "É necessário ter todo um estudo de repertório para concorrer em pé de igualdade. Castilho, o produtor que também trabalha com Brown, é muito bom nisso, em dar a liberdade para gente escolher e ao mesmo tempo mostrar o que dialoga melhor com aquilo que a gente quer".

Caso chegue à final do programa, a baiana já sabe o que irá cantar para conseguir conquistar o público e os jurados. "Eu já sei, quero cantar uma música muito linda, uma música que registrou a minha história. Mas não posso contar qual é", segredou. Paula, no entanto, já revelou novidades sobre o seu novo disco, que será lançado logo após o programa. "O carro-chefe trabalho é a música Nossa História, que traz uma mensagem muito linda e espero que as pessoas possam ouvir e sentir algo bom com ela".

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